segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Seleção para Professor Doutor no Departamento de Educação da PUC-Rio

Departamento de Educação/PUC-RIO
Seleção para Professor Doutor
Assistente 40 h/Dedicação Exclusiva
Novembro 2012

Mídias Digitais e Educação
Dra. Magda Pischetola

Antropologia e Educação
Dr. Marcelo Sorrentino

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

35ª Reunião Anual da ANPEd




Confira notícia do lançamento da edição nº50 da Revista Brasileira de Educação no site da ANPEd.


A edição nº50 da RBE também pode ser encontrada no estande da ANPEd na Feira de Livros da 35ª Reunião Anual. Veja as fotos.


Homenagem Paulo Freire a professores de destaque da Educação. Confira notícia e fotos.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Seminário do CTCH 2012

Seminário do CTCH 2012
Dia 16 de outubro (terça feira)
Local: Auditório Padre Anchieta 

Programação

09:00h  às 10:15h
  Abertura
1a Mesa:  10:30h às 12:30h 
Mesa composta pelos Coordenadores de Programas de Pós-Graduação do CTCH
Tema: Estratégias e renovação da pesquisa nos Departamentos - Marcelo Andra de pelo nosso departamento


12:30h - 14:00h
    Almoço (no Auditório do CTC)

2a Mesa:
14:00h às 16:30hCada departamento indicará previamente um professor para falar sobre (cerca de 20 min para cada professor)
Tema: O futuro da pesquisa em Humanidades
Zaia Brandão pelo nosso departamento

Convite para Aula Inaugural


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Atividades Acadêmicas

"The Low Achievement Trap: comparing schooling in Botswana and South Africa" (A Armadilha do Baixo Rendimento: comparação da escolarização em Botswana e na África do Sul)






Conheça o resumo executivo da pesquisa:
https://docs.google.com/open?id=0B5X5dMQ47uNpXzl6eEtocG1YajA


segunda-feira, 28 de maio de 2012

“Atividades Acadêmicas Maio-Junho 2012 do PPGE/PUC-RIO


Diretora do Teachers College da Universidade de Columbia,Susan Fuhrman,visita o Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio.

Prezados colegas,

Estaremos recebendo no dia 1 de junho, sexta feira, a professora Susan Fuhrman, Diretora da Teachers College da Universidade de Columbia.
É uma reunião importante pois poderemos ter desdobramentos de intercâmbio, cooperação e pesquisa.
Peço que reservem na sua agenda e agradeço a Fátima o empenho em realizarmos esta reunião.
Vocês verão abaixo a pauta e um breve currículo da Professora.
Professor Bergmann e Professor Paulo Fernando foram convidados pois este contato pode gerar um convênio beneficiando outras áreas.

1 de junho, sexta feira
9:00 às 11:00 horas
Decanato do CTC


Programação
9:00 a.m. Welcome Coffee
9:10 a.m. Professor Sonia Kramer, Director of Education Department,welcomes guests and remarks.
9:20 a.m. President Fuhrman lectures on “Preparing Quality Teachers in the 21st Century: The Preparation Challenge” and about TC researches
9:50 a.m. Professor Sonia Kramer talks about PUC-Rio Department of Education
10:20 a.m. Discussion with Faculty Members of Education Department
10:30 a.m. resident Fuhrman meets with Vice-Dean José Ricardo Bergmann about the ossibility of an agreement between Columbia University and PUC-Rio




Dr. Susan H. Fuhrman is the President of Teachers College, Columbia University, founding Director and Chair of the Management Committee of the Consortium for Policy Research in Education (CPRE), and President of the National Academy of Education.

Dr. Fuhrman’s substantial leadership record includes, most recently, her term as Dean of the University of Pennsylvania’s Graduate School of Education. She is a former Vice President of the American Educational Research Association as well as a former Trustee Board member of the Carnegie Foundation for the Advancement of Teaching and a current non-executive Director of Pearson plc, the international education and publishing company.

Dr. Fuhrman received bachelors and masters’ degrees in history from Northwestern University and a Ph.D. in political science and education from Teachers College and Columbia University. Her research interests include accountability in education, intergovernmental relationships, and standards-based reform, and she has written widely on education policy and finance.


Contamos com a presença de todos!!!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

FEVUC 2012

Até a próxima sexta-feira, dia 25 de junho de 2012, o Depto de Educação organiza um stand na mostra da FEVUC, nos pilotis do prédio Kennedy, com súmulas sobre as nossas ações socioeducativas, exposição e disseminação de CDs, livros, folders, boletins, etc.

Saiba mais sobre as ações socioeducativas do Depto de Educação.
Clique abaixo:

FEVUC 2012

 

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Palestra da Profª Vera Candau no Seminário de aniversário dos 40 anos da Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio.

A PUC-Rio e a Pós-Graduação em Educação no Brasil

Vera Maria Candau
PUC-Rio
31/10/2005



A minha participação nesta mesa redonda quer ter um caráter de depoimento, fazer memória de alguns aspectos que podem favorecer a compreensão da construção da identidade do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio e de seu projeto acadêmico e social.

Uma primeira pergunta que certamente nos podemos fazer e que será o ponto de partida, a introdução da minha intervenção, é a seguinte: o que leva a PUC-Rio, no início dos anos 60, antes do golpe militar, já que em 1963 começa a pós-graduação nesta universidade na área de engenharia elétrica, a implantar “estudos pós-graduados”, expressão própria a esta época? É possível afirmar que, para que esta realidade se concretizasse, confluíram aspectos de caráter externo e interno, fortemente entrelaçados.

Do ponto de vista externo, é importante que tenhamos presente que, para muitos autores, o modelo de universidade que, com raras exceções, se firma no Brasil a partir dos anos 20 e que prevalece até os anos 60, é o modelo de federação de escolas profissionais, no qual a pesquisa científica está praticamente ausente ou tem um espaço bastante limitado. Sob este modelo, o ensino superior se expande lentamente no país, num primeiro momento, para, a partir de 1945, acelerar esse processo, sob o impacto da redemocratização e do intenso crescimento urbano, mantendo entretanto, nesse período, o modelo então dominante. No entanto, a partir dos anos 50, esse modelo entra em crise face aos avanços da industrialização e da própria dinâmica da sociedade brasileira. Surgem novas inquietudes e emergem movimentos sociais diferenciados. A comunidade científica cresce e se organiza. A necessidade de um novo modelo de universidade faz-se cada vez mais evidente, sem deixar, no entanto, de enfrentar fortes resistências. Nesse sentido, Gusso, Cordova e Luna (1985) afirmam:

a gênese dos estudos pós-graduados se confunde, em primeiro lugar, com as lutas pela formação da comunidade científica brasileira e pela constituição dos seus espaços institucionais; e só mais tarde se entrelaça à Universidade com o surgimento da consciência de que o País se embaraçava nas teias da dependência tecnológica. (p.17)

Inquietudes como a construção de uma nova cultura acadêmica, a necessidade de uma universidade comprometida com o desenvolvimento do país e sua autonomia científica e tecnológica, o papel da pesquisa e a importância dos “estudos pós-graduados” nesta perspectiva, vão ganhando espaço no meio de tensões e conflitos político–ideológicos.

Ao mesmo tempo, no início dos anos 60, um grupo de professores, autoridades acadêmicas e jesuítas[1] membros do corpo docente desta  universidade, conscientes do momento vivido pelo país e desejosos de comprometer a PUC-Rio na luta pela reconfiguração da universidade brasileira, promovem diferentes estratégias nesta perspectiva, tais como: convênios com agências nacionais e internacionais (FINEP, BNDE, USAID, UNESCO, Universidade de Louvain (Bélgica), várias universidades estadunidenses, governo alemão, etc.) orientados à reforma universitária, à preparação de quadros docentes no exterior, assim como à contratação de professores com forte perfil acadêmico e profissional. A implantação de “estudos pós-graduados”, certamente constituiu um componente fundamental neste esforço.

Na área de Ciências  Humanas, a atuação do Pe. Antonius Benko, jesuíta húngaro, foi especialmente importante na criação das condições necessárias para que surgissem as primeiras iniciativas no âmbito da pós-graduação.

Fui aluna do curso de graduação em Pedagogia desta universidade nessa época e participei ativamente do forte clima de discussão, compromisso e inquietude que marcava a vida universitária. A universidade se revelava um espaço de intenso debate sobre a realidade brasileira e questões internacionais candentes naquele momento, como a revolução cubana, entre outras. A vida acadêmica e cultural não se limitava às salas de aula. Prolongava-se pelos corredores, pilotis, bares, auditórios, centros acadêmicos, etc. O movimento estudantil era especialmente atuante e integrado por diferentes grupos,  MSU, AP, JUC,entre outros. As atividades se prolongavam noite a dentro e a experiência universitária se revelava extremamente viva e plural.

É, portanto, na confluência destes diferentes fatores que emerge a pós-graduação na PUC-Rio, no início dos anos 60.

No que diz respeito especificamente à área de educação, com o objetivo de destacar alguns momentos que me parecem especialmente importantes na construção da identidade do nosso Programa, assinalarei três períodos:

            A- A constituição do Programa de Pós-Graduação (1965-1971)

            B - A criação do Doutorado e a reconfiguração do Programa (1972-1985)

            C- O momento atual

A- A constituição do Programa (1965-1971)

Em março de 1965, iniciam-se os “estudos pós- graduados” em educação na PUC-Rio, através de um convênio entre a Faculdade de Filosofia e a Diretoria do Ensino Secundário do Ministério da Educação e Cultura[2], com o objetivo de desenvolver um curso de especialização sobre “Estrutura e Planejamento do Ensino Brasileiro”, visando atender à necessidade de aperfeiçoamento dos quadros daquele órgão federal e, simultaneamente, favorecer a participação de profissionais pertencentes a outros setores dos âmbitos público e particular. (Relatório para o Credenciamento do Curso de Mestrado em Educação. PUC-Rio. 1969). Convém ter presente que, à época, o Pe. Benko era assessor do CFE e da CADES. Segundo um dos nossos entrevistados, porque ocupava essas funções, sabia que estava para sair uma legislação sobre pós-graduação no país. A estratégia de desenvolver um curso de especialização visava, certamente, preparar o caminho nesta direção.

Gostaria neste momento de mencionar os nomes dos integrantes do primeiro corpo docente do nosso Programa, pois sua relação evidencia a preocupação pela qualificação acadêmica e profissional do corpo de professores, presente desde a primeira hora:

            1- Princípios de Planejamento Geral
                        João Paulo Reis Veloso (M. de Planejamento) / Isaac Kerstenetzty
            2- Fatores Sócio-econômicos da Educação
                        Roberto Moreira (INEP)
            3 –O Ensino Primário e Normal no Brasil
                        Paulo Almeida Campos (F. de Filosofia da UFF)
            4 – O Ensino Secundário no Brasil
                        Eulina Fontoura (CADES)
            5- O Ensino Industrial no Brasil
                        Vicente Umbelino (MEC- Divisão E. Industrial)
            6- O Ensino Comercial no Brasil
                        Raul Moreira Lelis (PUC-Rio e MEC).
            7- O Ensino Agrícola no Brasil
                        Hilton Sales (Universidade Rural)
            8- Planejamento Educacional
                        Roberto Moreira (INEP) / Pery Porto
            9- Teorias Recentes em Educação
                        Celina Junqueira (PUC-Rio).
            10- Ensino Superior no Brasil
                        Ernesto de Oliveira Júnior

O curso de especialização era coordenado pelo professor José Carmelo Braz de Carvalho e, além das disciplinas, supunha a realização de uma monografia. Foi totalmente financiado e todos os 16 alunos o realizaram em regime de tempo integral, com bolsa.

Em 3 de dezembro de 1965, é aprovado pelo Conselho Federal de Educação o parecer 977/65, que teve como relator o professor Newton Sucupira, através do qual foram definidos os cursos de pós-graduação no país, com uma concepção fortemente inspirada na experiência estadunidense.

Tendo presente esta nova realidade e com a experiência acumulada através do curso de especialização já referido, a PUC elabora uma proposta de Curso de Mestrado em Educação, tendo presente também a disponibilidade institucional para a constituição de um corpo docente adequado. Inicia-se, assim, em 1966 o Curso de Mestrado com duas áreas de concentração: Planejamento Educacional e Aconselhamento Psico–pedagógico.

O corpo docente se reconfigura e é ampliado. Passa a contar com a colaboração de novos profissionais amplamente reconhecidos como de “notório saber” ou com doutorado realizado no exterior, como: Célia Lúcia Monteiro de Castro, Nair Fortes Abu Merhy, Creusa Capalbo, Eloísa Lopez Franco, Maria Helena Novais Mira, Ângela Biaggio, Carlos Paes de Barros, Pe. Antonius Benko, Paulo Assis Ribeiro, Paulo Horta Novaes, Zacarias Sá de Carvalho e Walter Nascimento. Trata-se de um corpo docente de caráter fortemente interdisciplinar.

O currículo é estruturado em três blocos: disciplinas obrigatórias comuns às duas áreas de concentração -bloco constituído por três eixos: Educação Brasileira, Pesquisa Educacional e Correntes Atuais de Filosofia da Educação-, disciplinas específicas de cada área de concentração e disciplinas eletivas.

Em 1970 é introduzida uma terceira área de concentração: Métodos e Técnicas de Ensino. O curso se expande rapidamente, tendo cada vez maior número de candidatos: em 1966 foram 23, em 1968, 30 e em 1970, 74. As matrículas no período de 1966 a 1970, oscilaram de 10 a 36 por ano, num total no período de 108 profissionais de diferentes partes do país.

Convém ter presente que o processo de seleção dos mestrandos procurava articular três critérios: balanceamento entre profissionais mais jovens e outros com maior experiência profissional, regionalização e interiorização. É possível afirmar que, sendo durante vários anos o único ou um dos poucos cursos de pós-graduação stricto sensu do país e consciente da sua opção pela abrangência nacional, o sistema de seleção utilizado pelo Programa foi pioneiro na introdução de cotas regionais para garantir a participação de candidatos oriundos das diferentes partes do país.

O curso teve um forte apoio financeiro da CAPES e contou, desde o início, com um elevado número de bolsas, de diferentes agências e também da própria universidade, sendo praticamente gratuito para os participantes. A CAPES, junto às bolsas, concedeu diferentes auxílios ao Departamento, constituindo-se em um parceiro fundamental na viabilização da proposta. A professora Susana Gonçalves, então diretora da CAPES, se empenhou no apoio ao desenvolvimento do Programa. Progressivamente, também o CNPq foi ampliando sua colaboração.

Outros aspectos que me parece relevante assinalar são: o desenvolvimento e consolidação de projetos institucionais de pesquisa e a realização durante vários anos de um curso de preparação para o Mestrado, chamado curso de “nivelamento”, nos meses de janeiro e fevereiro, de caráter obrigatório e totalmente financiado.

Em fevereiro de 1969 é aprovado pelo CFE o parecer 77/69, também tendo como relator o professor Newton Sucupira, que estabelecia Normas de Credenciamento dos Cursos de pós-Graduação. Imediatamente, o Departamento de Educação da PUC-Rio solicita o credenciamento do seu Curso de Mestrado. Em 4 de fevereiro de 1971, é aprovado o credenciamento deste curso, constituindo-se, assim, no primeiro Curso de Mestrado de Educação credenciado no país. Neste mesmo ano, foi apresentada à defesa pública a primeira Dissertação de Mestrado do programa, de autoria da professora Maria Aparecida Mamede Neves.

Sabemos que estes anos são especialmente difíceis para o país. A ditadura militar vai explicitando cada vez com maior contundência sua  face mais dura: censura, ameaças de todo tipo, invasão de domicílios, prisão, tortura, assassinatos. Tudo é permitido para identificar, prender e eliminar os considerados “subversivos”. O exílio é condição de sobrevivência para muitos brasileiros, para muitos intelectuais e professores universitários. O tecido social e o clima cultural são marcados pela cultura do silêncio.

A universidade brasileira é seriamente afetada, mutilada, ferida no seu âmago: a liberdade de pensamento e de cátedra. A PUC não fica imune a esta realidade. Pelo contrário. É “alvo de agentes”, nas palavras de um professor entrevistado. Membros do seu corpo docente e discente são ameaçados, alguns “desaparecem”... Em 1969, o campus é invadido por forças “da ordem” cinco vezes. A universidade sofre constrangimentos externos e internos. Por exemplo,  a PUC sofre pressão para expulsar dos seus quadros membros do corpo docente que, sendo também professores de universidades públicas, em virtude do AI-5, tinham sido punidos e banidos destas universidades. A PUC resiste, não sem tensões e conflitos também internos. Nem todos estão de acordo. A fronteira entre a prudência e a conivência é tênue. As autoridades acadêmicas buscam estratégias que garantam a autonomia universitária, conscientes da fragilidade, do caráter provisório e da dramaticidade do momento.

Um fato que evidencia essa realidade, de especial importância para o nosso programa, foi a contratação do professor Durmeval Trigueiro como membro do corpo docente, em 1970, logo após ele ter sido “aposentado” como membro do Conselho Federal de Educação, em 1969.

Podemos afirmar que esta primeira etapa do Programa foi marcada por muita discussão, criatividade, tensões e também apoios de caráter externo e interno. Navegamos em águas muito turbulentas mas, através delas, fomos construindo algumas marcas identitárias do nosso programa: seu caráter interdisciplinar, a centralidade da pesquisa, sua dimensão pública, a articulação entre produção acadêmica e compromisso social, a abrangência nacional e a preocupação com a compreensão, a análise e o enfrentamento dos desafios da educação na realidade do nosso país.

B- A criação do Doutorado e a reconfiguração do Programa (1972-1985)

Após o credenciamento, o Programa entra em um outro momento, de consolidação e desenvolvimento. O ritmo das defesas de Dissertação de Mestrado e a produção científica se intensificam. As pesquisas institucionais são objeto de especial estímulo e compromisso. Em 1974, o Programa é reconhecido pelo CNPq como “Centro de Excelência” para a realização de pesquisas em educação e, em 1978, o Mestrado é recredenciado pelo Conselho Federal de Educação.

Surgem novas inquietudes e começa-se a pensar na implantação do Doutorado. Num primeiro momento, tendo-se presente as exigências deste nível de pós-graduação e o desenvolvimento não só da Pós-Graduação em Educação, mas também de outras áreas do Centro de Teologia e Ciências Humanas, como a da Psicologia, com a qual a Educação vinha colaborando desde o início da pós-graduação, opta-se por criar, em 1976, um Doutorado interdepartamental e interdisciplinar na área de Psicologia Educacional, vinculado diretamente ao decanato do Centro de Teologia e Ciências Humanas.

Este doutorado funcionou durante alguns anos, mas enfrentou muitas dificuldades de diferentes tipos: a falta de tradição de programas de pós-graduação de caráter interdepartamental, a pouca identificação, tanto de educadores como de psicólogos, com a natureza do curso, a tênue articulação com os cursos de Mestrado de ambos Departamentos, questões de caráter burocrático como a natureza do título a ser concedido, problemas relativos ao financiamento, entre outras. Esta foi uma experiência interessante, aprendemos muito com ela, mas, em função das dificuldades enfrentadas, pareceu oportuno desativar o programa e não admitir novos alunos a partir do final dos anos 70, até que o curso fosse repensado. Os alunos matriculados deram prosseguimento às atividades previstas e, em 1982, foi defendida a primeira Tese de Doutorado, dentro desta proposta interdepartamental.

Desfeita a parceria com a Psicologia, a área de Educação intensificou o debate na perspectiva da implantação do seu Doutorado. Estamos no início dos anos 80. O clima cultural, intelectual e político é outro. Os ventos da transição democrática se intensificam. Novos ares, intenso debate, novas perspectivas para o país. Nesse clima se dão as acaloradas discussões pela reformulação do programa. Chega-se à conclusão de que não se tratava de acrescentar um nível, o Doutorado, no Programa em funcionamento, mas de reelaborar globalmente sua proposta na perspectiva de um Programa de Pós-Graduação integrado, em que Mestrado e Doutorado estivessem inter-relacionados. Outro elemento que emergiu como fundamental foi o questionamento das áreas de concentração até então desenvolvidas e da própria categoria “área de concentração”. Surge e se afirma a proposta de vertebrar o curso a partir de linhas de pesquisa. Esta proposta termina não passando nos órgãos acadêmicos da própria universidade, em função das exigências da legislação vigente sobre a pós-graduação. Assumimos, então, como área de concentração Educação Brasileira, na minha opinião mais como um recurso de caráter formal e burocrático, do que como uma questão substantiva.

A partir de 1982, o Programa fica assim configurado:

“O Programa de Pós-Graduação em Educação se realiza em dois níveis: o Mestrado e o Doutorado, concedendo respectivamente  os títulos de Mestre em Educação e Doutor em Ciências Humanas (Educação). Ambos guardam entre si integração de perspectivas e métodos. O Mestrado se caracteriza pelo desenvolvimento da capacidade de análise e crítica consistentes sobre a realidade educacional. O Doutorado pelo desenvolvimento da criatividade científica e técnica no campo educacional. A área de concentração do Programa é Educação Brasileira.

O Programa apresenta as seguintes características fundamentais:
 
a) Perspectiva interdisciplinar: busca-se alcançar um visão de totalidade do fenômeno educativo na sociedade, explorando-se as conexões e inter-relações entre as diferentes ciências da educação e destas com as demais ciências humanas e sociais;

b) Caráter de flexibilidade: procura-se garantir uma flexibilidade estrutural que permita aos pós-graduandos obter uma fundamentação comum e, simultaneamente, explorar em profundidade a área de concentração e uma das linhas de pesquisa do programa;

c) Ênfase na integração pesquisa-ensino: concebe-se o ensino como intimamente articulado à pesquisa, alimentando-se as disciplinas com os resultados de pesquisas e envolvendo mestrandos e doutorandos nos projetos de pesquisa do Departamento ou viabilizando projetos individuais.” (Departamento de Educação. PUC-Rio; setembro 1982)


As Linhas de Pesquisa enfatizadas são as seguintes:
            - Democratização da Educação;
            - Ensino-aprendizagem: problemas e alternativas;
            - Formação do Educador;
            - Pensamento Educacional Brasileiro.

Em 1983, a PUC-Rio solicita ao Conselho Federal de Educação a renovação do credenciamento do seu curso de Mestrado e o credenciamento do Doutorado em Educação, pelo período de cinco anos. Pelo parecer 382/85 do CFE, é concedido o solicitado. No caso do Doutorado, segundo o referido parecer, os efeitos do credenciamento retroagem ao início do curso, isto é, a 1976.

Consideramos interessante reproduzir neste momento, alguns trechos do Relatório da Comissão Verificadora, constituída pelas professoras Juracy Marques, da UFRGS, e Esther Buffa, da UFSCar, elaborado após a visita ao Programa, realizada em março de 1984:

“O que se notou em todos os momentos é a impossibilidade de distinguir Cursos ou Programas.  Há uma perfeita integração das atividades do Curso de Pedagogia e dos programas de Mestrado e Doutorado em Educação. A não ser pelo fato dos professores de Pós-Graduação serem aqueles que detêm titulações a nível de doutorado e, portanto, se constituem em orientadores de dissertações e teses e, em geral, coordenam os projetos de pesquisa, a impressão que se tem é de que todos, professores e alunos, participam do “Projeto do Departamento de Educação. É evidente que, em relação às exigências curriculares, Mestrado e Doutorado se distinguem, embora haja muitas atividades de conjunto”. (p.2)

“O curso de Mestrado, o mais antigo do país, está consolidado e reatualizado, tanto em função do Doutorado como das novas tendências do Curso de Pedagogia e demais licenciaturas. Há muita atividade de extensão, embora nem sempre identificada com esta denominação. A filosofia de inserção da PUC em seu ambiente comunitário é marcante, o que inclui atividades educacionais em uma favela das redondezas”. (p.3.)

“Apesar da escassez de recursos de infra-estrutura e do número mínimo de professores de tempo integral, observa-se um ambiente voltado para a pesquisa e a produção científica, não só pela preocupação dos alunos com suas dissertações e teses, mas também dos professores que com a participação de alunos de graduação e pós-graduação, assumem responsabilidades de execução de determinadas pesquisas junto às agências financiadoras (FINEP, INEP, CNPq). Assim, a falta de professores em tempo integral é solucionada, em parte, com a extrema dedicação deles aos cursos e às pesquisas”. (p.3)

“A unidade orçamentária é o Departamento. O Departamento de Educação mantém convênios com o CNPq, CAPES, INEP E FINEP. Com a CAPES,  mais no que se refere a bolsas de Mestrado e Doutorado e com os outros órgãos mais no que respeita à pesquisa e atividades de intercâmbio (seminários, encontros, etc)”. (p.4)

“O currículo foi recentemente reformulado, depois de muitos estudos e discussões, emergindo uma nova proposta. Eliminaram-se as áreas de concentração e o currículo do Mestrado e Doutorado passou a apoiar-se em quatro linhas de pesquisa. (...)  É de se salientar que a nova proposta monta o currículo sobre as linhas de pesquisa, tentando um desenvolvimento curricular onde o ensino se faz através da pesquisa. Este posicionamento transparece nas conversas, nas reuniões e perpassa todo o clima de funcionamento da Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio e do departamento no qual ela está inserida.  ”(p.5 e 8)

“Nota-se, ainda, um interesse transformado em várias ações, quanto à interdisciplinaridade e interdepartamentalidade. Há projetos de pesquisas e linhas de ação desenvolvendo-se em colaboração e com a participação de professores e alunos de outros departamentos, num entrosamento que aproxima as vizinhanças de diferentes áreas do saber. Nas várias atividades de integração, observa-se a busca da especificidade da educação e do que ela tem a contribuir quando juntam-se os especialistas de várias áreas do conhecimento para estudar ou equacionar um problema.”(p.7)

“A impressão geral é a de um corpo docente maduro, competente em suas respectivas áreas de especialização, experiente, tanto na prática educacional quanto na pesquisa”. (p.9)


As relatoras mencionam que, até 1984, 302 Dissertações de Mestrado haviam sido aprovadas e defendidas e acrescentam “Esta é, sem dúvida, uma excelente colaboração para o conjunto da pós-graduação no país” (p.8). Quanto à temática das mesmas, salientam  que evidenciaum bom número delas voltadas para os problemas de educação das regiões nordeste e norte, revelando por sua vez a procedência geográfica dos alunos e o âmbito de influência dos egressos da pós-graduação da PUC/RJ”. (p.8)

Já as Teses de Doutorado aprovadas e defendidas até o ano acima mencionado, são em número de 6 e abordam grandes temas da atualidade educacional, tais como: fracasso escolar, menores institucionalizados, educação infantil, qualidade do ensino superior.

O relatório conclui afirmando o amplo desenvolvimento e consolidação do Mestrado. No que diz respeito ao Doutorado, considera que estava “em fase de busca de consolidação, embora com um bom potencial”. (p.10) Recomenda o apoio das agências financiadoras “para que esta consolidação se faça sem maiores desperdícios e desgastes”. (p.10). Convém ter presente que, com as categorias de avaliação então utilizadas pela CAPES, o Mestrado foi classificado na categoria A e o Doutorado na B.

Podemos afirmar que este foi um período de ampliação e consolidação do Programa na sua globalidade, assim como de aprofundamento na construção da sua identidade. Nesta perspectiva, alguns eixos vão se revelando cada vez mais estruturantes da proposta: a centralidade da pesquisa, a articulação entre a produção acadêmica e a dimensão social, a interdisciplinaridade e o trabalho coletivo do corpo docente e das relações docentes-discentes.


C) O momento atual


Hoje a Pós-Graduação em Educação da PUC-Rio pode ser considerada como um Programa consolidado, tanto no nível do Mestrado quanto do Doutorado. Nos último dez anos, vem sendo consecutivamente avaliado como 6, nas atuais categorias da CAPES, nota máxima atualmente atribuída aos Cursos de Pós-Graduação em Educação.

Até o presente momento, foram defendidas 631 Dissertações de Mestrado e 95 de Doutorado. Os egressos do Programa estão presentes nas diferentes regiões do país. São professores de universidades públicas e particulares, educadores do ensino fundamental e médio, assim como profissionais da educação infantil; ocupam diversas funções no âmbito do Ministério de Educação e de secretarias estaduais e municipais; integram equipes de organizações não governamentais, assim como de outras instituições e movimentos da sociedade civil; estão no Congresso Nacional e em instituições de pesquisa e de produção cultural; colaboram com editoras, canais de televisão, empresas e diferentes agências nacionais e internacionais, entre outras atividades. É importante registrar a presença de profissionais oriundos de diferentes países latino-americanos no corpo discente do Programa.

Quanto ao corpo docente, está constituído por dezoito profissionais, brasileiros e de outras nacionalidades, possui uma elevada produção científica e técnica e um amplo reconhecimento na comunidade acadêmica. Seus integrantes participam de comitês de órgãos e agências de caráter científico e de fomento à pós-graduação e à pesquisa no campo da educação. Integram comitês editoriais de revistas nacionais e estrangeiras. Organizam e participam ativamente de congressos, seminários, colóquios e reuniões de caráter científico e cultural. Prestam assessorias a diferentes grupos e instituições, tanto no âmbito nacional, quanto internacional. Desenvolvem atividades de promoção social e as articulam com a produção acadêmica. Participam de atividades promovidas pelos meios de comunicação social, orientadas ao debate das questões relativas à educação nacional e aos desafios atuais enfrentados pela sociedade brasileira e mundial.

Nos últimos anos, é possível assinalar algumas mudanças ou ênfases no desenvolvimento do Programa, tais como:

- A partir do ano 2000, as linhas de pesquisa foram reestruturadas, de forma a melhor refletir as mudanças que vinham se efetivando, no sentido de se obter um grau de consistência e organicidade maior da produção docente e discente. São quatro as atuais linhas de pesquisa: Formação de Professores: tendências e dilemas; Educação, Relações Sociais e Construção Democrática; Processos Culturais, Instâncias de Socialização e Educação; e História das Idéias e Instituições Educacionais.

- Foram ampliados e diversificados os grupos de pesquisa. Hoje o Programa possui dezessete projetos institucionais de pesquisa, que abarcam uma ampla temática e nos quais se integram alunos, tanto de graduação quanto de pós-graduação, assim como profissionais de diferentes universidades situadas no Estado do Rio de Janeiro.

- O Programa vem se afirmando como lócus para a realização de pós-doutarados por parte de professores oriundos de diferentes universidades brasileiras.

- A incorporação ao Programa de um núcleo de Educação Matemática, em colaboração com o Departamento de Matemática.

- A ampliação das atividades no âmbito internacional, tais como: convênios com instituições universitárias de diferentes países, intercâmbios de caráter científico, organização e participação com apresentação de trabalhos em eventos de caráter internacional, publicações em revistas estrangeiras de amplo reconhecimento científico e acadêmico, realização de pós-doutorados no exterior, ampliação do número de “bolsas-sanduíche” no exterior, apoios de agências como a Fundação Ford e a UNESCO, entre outras.

- A realização de Programas Interinstitucionais com universidades de diferentes partes do país. No momento, está em fase final de aprovação, o desenvolvimento de um Doutorado Interinstitucional em convênio com seis universidades da Região Norte do país.

- A articulação do Programa com atividades de extensão e de pós-graduação lato sensu em âmbitos como, cursos de especialização, formação continuada de professores, presencial e à distância, educação de jovens e adultos e pré-vestibulares comunitários.

-Neste seminário, o Programa está lançando sua Revista on line de Educação.

Trata-se, sem dúvida, de um momento de grande produtividade, em que se amplia a pluralidade de tendências e enfoques teórico-metodológicos no âmbito do Programa. Sabemos que as identidades coletivas são construções históricas, sócio-históricas. Constituem um tecido que se costura através de continuidades e rupturas, em que os diferentes atores vão interagindo, em meio a tensões e conflitos, vínculos, distanciamentos e aproximações. O grande risco das construções identitárias na condição pós-moderna em que vivemos, tanto no âmbito individual como coletivo, é que se transformem em mosaicos, justaposição de referências culturais, tradições, enfoques e posturas sem articulação orgânica. Podem se reduzir a meras “celebrações móveis” (Stuart Hall,1997).

A pluralidade está presente, sempre esteve no nosso Programa, mas certamente hoje está mais acentuada e polifacética. No entanto, a construção de uma identidade comum supõe também alguns “nós” que articulam os fios e dão consistência à trama do tecido.

Nesta perspectiva, me atrevo a afirmar que algumas marcas continuam sendo centrais, constituindo estes “nós” que vertebram a identidade do Programa de Pós- Graduação em Educação da PUC-Rio: a centralidade da pesquisa, a interdisciplinaridade, a dimensão pública e a articulação entre o acadêmico e a responsabilidade social. Este é um legado que pertence a todos nós, os atores da primeira hora e os que, em distintos momentos da trajetória do nosso Programa nos comprometemos com esta aventura, com este projeto, com esta utopia.

Gostaria de terminar com algumas palavras do professor Durmeval Trigueiro, que abrem sua página na Internet, e que considero que expressam de modo muito adequado a paixão com que todos nós, alunos, funcionários e professores, vimos construindo esse Programa de Pós-Graduação em Educação:
A educação do conformismo não pode produzir indivíduos criadores; a educação da bravura mental com a disciplina da verdade, esta é que logicamente pode levar aos gestos criadores, tão necessários aos membros de uma sociedade democrática e de um mundo em mudança.
Durmeval Trigueiro


REFERÊNCIAS  BIBLIOGRÁFICAS


Conselho Federal de Educação. Parecer 977/65

_________________________ Parecer 77/69

_________________________ Parecer 382/85

Departamento de Educação. Relatório  para o Credenciamento do Curso de Mestrado em Educação. PUC-Rio. 1969

GUSSO, D. A., CORDOVA, R. A. E LUNA, S. V. A pós-graduação na América Latina: o caso brasileiro. Brasília:UNESCO/Cresalc, MEC/Sesu/CAPES, 1985

HALL, S. Identidades culturais na pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 1997

MARQUES, J. E BUFFA, E. Relatório da Comissão Verificadora para efeito de Credenciamento do Doutorado e Renovação do Credenciamento do Mestrado em Educação da PUC-Rio. Abril, 1984









[1]  Alguns destes jesuítas, de grande prestígio científico foram os seguintes; Pe. Rosen (Física), Pe. Mavrak (Psicologia), Pe. Heinberg (Química), Pe. Benko (Psicologia) , Pe. Bastos Ávila (Sociologia e Política), entre outros.
[2]  O Pe. Benko foi diretor da faculdade de Filosofia de 1964 a 1968.